9 de julho de 2014

ÁGUAS PROFUNDAS

A CHINA DITOU O INSUCESSO da P3 NETWORK


Em 24 Junho de 2013 recebemos um comunicado da Maersk que referia, citamos “Temos o prazer de anunciar que estamos a estabelecer uma nova aliança com a CMA e MSC, conhecida como P3. P3 terá uma gestão independente e será composta por 255 navios, com uma capacidade total de 2,6 milhões TEU servindo os tráfegos da Ásia-Europa, Transpacifico e Transatlântico (Norte da Europa e Mediterrâneo). Maersk Line vai contribuir com mais de 100 navios, incluindo a nova classe Triple E, equivalente de 1,1 milhões TEU de capacidade para a aliança. Espera-se que a P3 inicie as operações no segundo trimestre de 2014.”

Nos meses seguintes, a Logistema analisou a situação e divulgou em Portugal as primeiras opiniões sobre o assunto. Afinal a P3 significava “PROVIDING UNPRECENDENT STABILITY, COVERAGE AND FREQUENCY”, três objetivos que indiciavam algo muito positivo para as cadeias logísticas internacionais e para Portugal, que nesse semestre de 2013 estava totalmente concentrado em aumentar as suas exportações.

Na opinião da Logistema a P3 Network “não se tratava de uma aliança puramente operacional porque a partir do momento em que as três multinacionais se sentam á mesa a tendência é também para discutir preços e relação com os clientes”.
Durante um ano, desde 24 de Junho 2013 até 17 de Junho 2014, surgiram muitas outras opiniões nacionais e internacionais sobre o assunto, a larga maioria a favor das vantagens anunciadas pelos parceiros da aliança. As opiniões contra também surgiram, mas muito contidas ou escondidas numa comunicação social muito especializada e controlada pelos “amigos do P3”. Esperou-se pela decisão das autoridades da concorrência nos EUA e na União Europeia. Nos EUA, a FMC (Federal Maritime Comission) colocou muitas questões, levantou dúvidas, solicitou medidas de mitigação, mas acabou por decidir a favor. Na União Europeia, muito terá sido discutido (ou não), mas sempre nos corredores de Bruxelas, sem que as análises passassem para a opinião pública, a decisão final foi favorável ao P3.

Finalmente, no passado dia 17 de Junho o Ministério do Comércio da RP China divulgou a sua decisão, da qual constam os seguintes tópicos:
·         O acordo P3 iria restringir a concorrência nas rotas mais relevantes entre a Ásia e a Europa;
·         O facto de o P3 prever a instalação de um “joint fleet operation” e de os três operadores integrarem toda a sua capacidade (em navios) nas rotas leste-oeste torna essa aliança diferente das tradicionais alianças orientadas apenas para ações de cooperação ao nível da gestão operacional e do controlo de custos.
·         A P3 representava relação muito estreita entre os operadores e eliminaria a concorrência no mercado e, para além disso, criaria barreiras que impediriam a entrada de qualquer novo concorrente.
·         O P3 poderia tirar vantagem de uma quota de mercado acrescida (um quota agregada de 46,7%) para retirar poder negocial aos carregadores (incapacidade quase total de negociar taxas de frete).
·         O P3 iria colocar os operadores de terminais de contentores (fornecedores de serviços ás linhas) numa posição de ter aceitar as decisões e os preços que lhe fossem propostos (torna-los em price takers).
Na sequência da posição do Ministério do Comércio da RP da China, organizações como o ESC (European Shipper’s Council) referem que dessa decisão “tomaram boa nota”. Como quem diz, não eramos contra mas já tínhamos pensado que se calhar podia haver alguns problemas com a posição dominante que o P3 iria assumir no mercado.
Na nossa opinião, muitos carregadores e operadores de terminais de contentores tiveram receio de se opor ao P3 e aparecem agora a surfar na onda chinesa respirando de alívio pela falência da aliança.
Durante este ano João Franco, Presidente da Administração do Porto de Sines, dizia estar obviamente satisfeito com o crescimento de tráfego que o P3 iria trazer, apesar de ter também referido as possíveis consequências negativas para a capacidade negocial dos carregadores nacionais. Alguns responsáveis nacionais de organizações de defesa dos interesses dos carregadores ignoraram o assunto ou preocuparam-se apenas pela possibilidade de desvio de tráfego de Lisboa e Leixões para Sines, isto é com questões bairristas.

O que pensarão hoje todos eles sobre a decisão dos Chineses?
A Logistema acompanhará esta situação que está longe de terminada. A Maersk, a CMACGM e a MSC tinham o namoro muito avançado e em alguns tráfegos o casamento quase consumado. As encomendas de navios de mais de 18.000 Teu’s pelos P3 e pelos concorrentes já estavam colocadas. Para tirar partido das economias de escala desses navios a aliança P3 era considerada fundamental.

Depois das declarações a quente feitas pela Maersk (“não é uma catástrofe”), vamos ver o que se segue. Afinal, em 17 de Junho as ações da Maersk caíram 8,7%: alguns acionistas não gostaram nada da notícia!


31 de janeiro de 2014

Serão os Chineses a parar o P3 Network?

Os EUA (FMC) continuam a fazer perguntas aos membros do P3 Network e a analisar os documentos que recebem.
A Comissão Europeia não diz o que está a fazer, nem diz se foi informada ou não. Uma posição cautelosa ou uma posição cinzenta?
Alguns armadores e bancos alemães estão em pânico pela perspetiva de ficarem com dezenas de navios porta-contentores sem aplicação comercial.
A Maersk, a MSC e a CMACGM dizem estar prontas para o tiro de partida… no 2º trimestre 2014!?

Ver notícia artigo Beijing starts antitrust review of P3 em http://www.lloydslist.com/ll/sector/containers/article435924.ece

10 de janeiro de 2014

Atrasos nas obras no canal do Panamá

O problema dos atrasos nas obras no canal do Panamá poderá não ser apenas a difícil situação financeira dos empreiteiros da obra, os atrasos nas soluções tecnológicas na construção das portas das eclusas, ou as disputas no preço entre o consórcio GUC e o dono da obra.
É que o mercado mudou e algum do tráfego previsto já não existirá em 2016. Por exemplo, veja-se o caso do tráfego de importação de LNG e Crude para os EUA. De facto, os EUA em 2016 serão exportadores de LNG, o que não estava previsto em nenhum dos cenários que deram suporte à decisão de avançar com esta importante obra.
Veja-se ainda o caso do tráfego de linha/contentores entre a Ásia e a Costa Leste dos EUA que, no âmbito do P3 Network, se fará dominantemente pelo Canal do Suez.
Um atraso de 1 ou 2 anos se calhar dava jeito…

A este propósito, vale a pena ler a notícia publicada hoje, 10.01.2014, no Lloyd’s List em http://www.lloydslist.com/ll/daily-briefing/

22 de dezembro de 2013

Portos - estatísticas

Em baixo, mais um comunicado que merecia ser analisado para perceber se tem alguma adesão com a realidade. Anunciam-se variações comparativas mês a mês (Outubro 2012 Out 2013) e não se explicita de que se tratam de tendências… anuais…
É, portanto, uma análise muito básica.

O mais significativo seriam os valores acumulados no ano.
E estes nem constam do relatório do IMT…!

Mais em baixo alguns dados elaborados pela Logistema utilizando vários relatórios do IMT e Puertos de Estado (ver links em baixo):

Jan 2013 a Outubro 2013 (Teu’s contentores 20’)
• Lisboa 473.147
• Leixões 509.297
• Sines 769.978 (apenas 10-15% são contentores import/export Portugal/Espanha, o resto é transhipment)
• Setúbal 53.515 
• Total:1.819.817
Evolução em comparação com igual período ano anterior (TEU’s)
• Lisboa +6,3%
• Leixões +1,5%
• Sines +72,4% 
• Setúbal + 18,9%

Setúbal em 2011 movimentou 63.439 Teu’s, está em queda… 10.000 Teu’s não é um crescimento brilhante...

Na realidade, Sines é o porto internacional, o resto são pequenos portos regionais. 
Sines movimentou em 2013 9,4 milhões de toneladas de produtos petrolíferos, contra 7,1 em 2012 (Jan-Out). 
A entrada em funcionamento da nova unidade de refinação da Galp em Sines deu origem á exportação de gasóleo para Espanha, que se juntou ao EUA e México. 

Em igual período nos portos de Espanha movimentaram-se 11.537.651 Teu’s, dos quais se sabe que 6,5m Teu’s são transhipment.
O porto de Valência, o principal porto de Madrid (!) movimentou 1.780.000!!!
No período em análise o tráfego de contentores dos portos Espanhóis baixou 5,65%.
Apenas Algeciras aumentou 6,4% (mais de 90% é transhipment).
 
Tudo nos links:


10.12.2013

Portos movimentaram mais 15,2% no mês de outubro

O Ministério da Economia avançou esta terça-feira com os números da movimentação nos sete principais portos do continente (Sines, Setúbal, Lisboa, Figueira da Foz, Aveiro, Leixões e Viana do Castelo), que mostram um crescimento de 15,2% em outubro, face ao mesmo mês do ano passado.
No comunicado do Ministério da Economia, que cita o relatório mensal do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), é referido que "a evolução da movimentação portuária no mês de outubro foi marcada por uma forte subida dos contentores em 27,1% e um elevado crescimento das cargas embarcadas em 33,2%, em termos homólogos".
No mês em questão, o porto de Setúbal registou uma subida da carga total de 34,1% e um crescimento do movimento dos contentores de 43,4%. Em Lisboa registou-se um aumento da carga total de 32,7% e um crescimento do movimento de contentores em 65,4%. No porto de Sines houve um acréscimo do movimento global de 19,4% e uma subida dos contentores de 43,0%. Na Figueira da Foz o movimento global cresceu 14,0%. Em Viana do Castelo assistiu-se a uma subida na ordem dos 1,2%. 
Ainda no comunicado, o Ministério salienta que o mês de outubro "detém os melhores indicadores desde o ano 2000" em termos de carga movimentada, movimento de contentores e número de navios que escalaram os sete portos do continente e que, desde 2008, que os movimentos das mercadorias e dos contentores "têm apresentado um padrão de crescimento constante".
Sérgio Monteiro, secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, refere no mesmo documento que os dados representam "mais um excelente indicador da evolução das exportações nacionais" e refletem "o papel que os portos têm nesse crescimento", defendendo a necessidade de serem criadas "todas as condições" para que o setor "seja ainda mais competitivo no contexto nacional e internacional".

Fernando Grilo/Logistema

20 de dezembro de 2013

Os concorrentes mais fortes do P3 já estão a movimentar-se

Depois de conhecida a aliança P3, agora, os concorrentes mais fortes deste P3 tentam seguir caminho idêntico.
A concentração no sector de linhas contentores pode atingir um ponto nunca esperado…
Vamos ver como reagem os EUA.

G6 members: APL (Singapura), Hapag-Lloyd (Alemanha), Hyundai Merchant Marine (Coreia do Sul), MOL (Japão), NYK Line(Japão) and OOCL (Taiwan).

HOW G6 ALLIES PLAN TO SQUARE UP TO THEIR P3 RIVALS
Friday 06 December 2013, 15:06
by Damian Brett
Back to Lloyd's List Containers

The expanded G6 plans to deploy 240 boxships, connecting 66 ports in Asia, the US and Europe.

Article from Lloyd's List - Published: Friday 06 December 2013

http://www.lloydslist.com/ll/sector/containers/article433545.ece

Fernando Grilo